É sobre sempre ter gostado de português, e odiado matemática. Aliás, é sobre nunca ter conseguido gostar de nada que tenha números, cálculos, fórmulas, regras...
É sobre ter tido na infância e adolescência, um
professor magnífico: Benemi Passos, que fora covardemente espancado quando mais
novo na faculdade, e depois, quando já exercia tão bem a sua profissão, fora assassinado de
forma tão cruel.
Mesmo professor que um dia me elogiou na frente
de todos os colegas na sala de aula, ao ver que eu tinha feito todo o dever de
casa, mesmo com o braço direito quebrado.
Esse braço que no momento da queda, ficou
ainda mais dolorido quando percebi que se tratava do direito, onde está a mão que uso
para escrever.
A alegria que senti, quando num concurso de
redação organizado pelo mesmo professor, conquistei o segundo lugar da classe. Mas a alegria ficou ainda maior quando ouvi de uma
maneira tão linda, a leitura que Benemi fez das palavras escritas por mim, na
gincana literária da escola.
Livros, sempre tão bem recomendados pelo meu
pai – Esse vai mudar a sua vida! - nunca esqueci do jeito que ele me falou uma
vez ao me mostrar uma obra antiga e bela. Tão antiga e tão bela que por isso
mesmo, na época nem cheguei a ler. Estava
mais ocupada com as Caprichos, Carícias, Atrevidas, entre outras revistinhas. Inclusive
as da Turma da Mônica, sempre recebidas em casa com tanto prazer.
Os papéis de carta que mais gostava eram os que
tinham também frases, os que além dos lindos desenhos e fotos, tinham também
alguma mensagem a se passar. Ah, não posso esquecer do romance A marca de uma lágrima.
Diários (com e sem chave), agendas (com e sem códigos),
bilhetes, cartinhas, emails, homenagens para quase todos da família e alguns
amigos com paródias...
A escolha de seguir trabalhando com redação publicitária, alguns roteiros para vts, spots, jingles...
É sobre isso, deve ser por isso, sei lá... também
nem sei se preciso explicar. Não, não preciso, mas quis escrever sobre. E tá
tudo bem.
Preguiça, insegurança, burrice, ingenuidade, tolice,
vaidade, rigidez, doidice, cafonice, manias, teimosia, viagem, egotrip, badtrip, esquizofrenia,
mazoquismo, seachismo, arrogância, doce ilusão, diabetes, hiperouhipo, egocentrismo,
narcisismo, modismo, mimimismo, números, cálculos, fórmulas, algoritmos, malabarismos, abismos...(tantos
ismos). É, acho que deve ser sobre tudo
issos mesmo. E sim, de vez em quando, até que com todos esses ismos, dá pra
ficar tudo bem.