Saturday, September 18, 2021

Há que ser 🌞


 Sol de setembro , solte-me sendo

 Sendo eu sendo assim, vem pra mim

 Mudança de estação já sinto na pele

 Fico à flor dela como essa flor amarela

 Que se fecha e se abre de repente 

 Mudando o cenário da gente 

 Cenário agora um pouco ainda quente

 Dizendo It's a beautiful day! Enjoy it! 

 Sol de setembro, solte-me crendo

 Que sim posso ser esse ser

 Quem eu quiser ser, ter o que eu quiser ter

 E assim há que ser! 


 

Monday, September 13, 2021

Um jardim a bailar


 

Voando. Planando. Bem de leve ela vem.

Aparece. Esplandece. Com o vento a dançar.

Pausa. Pousa. Pólen. Flores. Cores. Ar.

Outra visita. Discreto zunir. Botões a beijar. Num piscar.

Vem e vai. Sem despedida. Faz mais rara a vida.

Um baile no jardim. Gratidão por assistir. Diariamente e free.

Livre a voar. Um voar para dentro. Sem tormento, sem dor.  Só amor.

Amor ao que é espelho, e assim ao que também não o é, ou será?

Um soar esquisito, esquilos. Uma língua esquisita, não a dela, mas que também se faz.

Cintilar de asas, cintilar de vozes. Vozes da tv, de filmes, de cinema.

Sessão da tarde pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela*, e quem será ela?

A contemplar a natureza. As plantas. Os animais. As surpresas.

Lembranças do passado colhidas e replantadas.

Momentos passados tão presentes. Momentos presentes. Presentes.

Seres encantados. Nos faz transformados. Em mais. Sem ais. Em paz.

De lagartas a rastejar,  luzes a voar.

Voando. Planando. Pintando.

Caminhando, cantando, dançando.

Vivendo. Convivendo. Aprendendo. Ensinando.

Crescendo, fluindo. Resistindo.

Joaninha colorindo. Cigarras estridentemente ecoando. Crianças brincando.

Convites à vida. Ela vai lá fora. Verão chamando. E um inverno ameno.

Voando, planando. De leve, pesando.

Mas de leve ela segue. Pausa. Pousa. Move. Morre...Renasce.

De larva no casulo escuro a se isolar, para a vida na luz a amar.

Vaga essa luz, contente com a noite a se aproximar.

Vaga uma alma, das correntes a se libertar.

Semente plantada. Sorte lançada.

Presença florida, colorida. Curtidas.

Segunda porta ao se abrir. Sempre um universo a descobrir.

A trilha sonora de pássaros:

Melodias com cardeais, robins e piuis

Vêm também sabiás e bem-te-vis.

Junto aos curupiras e sacis.

Um jardim a bailar, doce lar.

 


 

*Pequeno trecho de  Esquadros canção de Adriana C

Espelhos


 

Olhar para o teu rosto assim me faz acreditar no que sempre nos falaste: que a morte não existe, que quando o espelho é bom, ninguém jamais morre.

Olho para o teu rosto maquiado e o teu corpo com um vestido azul celeste, colar e brincos brilhantes...sim, resolvemos atender ao teu último pedido. Realizamos o teu sonho. Vossa vontade que não foi feita aqui na terra mas que esperas que seja no céu.

Meu adorado pai, sei o quanto deve ter sido difícil para ti viver sem poder ser quem realmente és. Tu casaste, construíste uma bela família de respeito, unida. O orgulho dos teus pais. Sempre muito bem visto pelos amigos e conhecidos. Um grande exemplo para os seus seis irmãos mais novos.

Ficaste viúvo mas não desceste do salto. Pena que não foi literalmente. Sofreste calado e criou os teus filhos exercendo a tua profissão de médico. Afinal, era um dos desejos da tua mãe. E tu conseguiste se formar com louvor numa das melhores faculdades. Um irmão advogado, outro bancário e claro, também tiveste um irmão padre, que está aqui celebrando a tua missa de corpo presente.

A tua fase alcoólatra foi dolorosa para todos, principalmente para tu mesmo. O resultado dessa falta de controle, dessa espécie de fuga, tu deves ter percebido quando já era tarde, quando o teu fígado já não mais funcionava. Bebias quase que diariamente. Costumavas também dar as tuas saídas misteriosas. Chegamos até a desconfiar que tu estavas de caso com alguém. Que tinhas arrumado uma outra mulher às escondidas. Mas nunca podemos descobrir para onde ias e muito menos com quem.

Fiz questão de pôr o teu nome no meu primeiro filho. Olho para ele hoje e lembro da música do espelho que tu gostavas tanto. “A vida é mesmo uma missão, a morte é uma ilusão, só sabe quem viveu. Pois quando o espelho é bom, ninguém jamais morreu.”

Carlos Eduardo Neto, o Netinho, amanhã faz quinze anos. Ia mandá- lo para uma certa clínica de hipnose. Ia ter que fazer um tipo de tratamento, mas mudei de ideia, pela felicidade da mãe dele, e agora acho que minha também. Ele parece estar feliz assim, do jeito que é: Cadu Glamour, como gosta de ser chamado. Quem sabe tu estás a assisti-lo da morada dos anjos? Será que estás feliz também?

Ouço trovoadas! Essa chuva me deixa ainda mais triste, e sei que tu sabes disso, pai...

Sei também que és tu que junto com o sol surges agora, colorindo o céu.

 

 

 

 

 

 

 

Free hugs

 






Cresceu com o sonho de ter a sua missão devidamente cumprida: ser um homem-bomba e enfim poder usar o seu superpoder. Só não imaginava que fosse encontrar alguém que ia fazê-lo desistir. Esse alguém fez o seu peito bater tão acelerado que ele pensou ter o seu colete ligado. Desarmou-se totalmente quando foi invadido por um abraço. Nenhuma bomba se ativou. Somente o amor do seu coração. O que não deixa de ser também, uma grande explosão.