Tuesday, August 05, 2025

Má sorte

 

Annie enfim escolheu o vestido que iria usar no dia mais feliz da sua vida, o dia do seu casamento. O sonho dela era se casar vestida de noiva e segurando um buquê de lírios. Todos os seus amigos sabiam disso, pois ela fazia questão de espalhar. Ao se olhar no espelho com o vestido que escolheu, ficou extremamente deslumbrada, emocionada...

Quando estava perto do casamento, ela misteriosamente desapareceu. Última vez que foi vista foi ao entrar no laboratório onde fazia pesquisas, uma câmera de segurança captou a imagem da sua entrada.

Depois de três dias seu corpo foi encontrado, justamente quando seria o seu casamento. A morte a separou do seu feliz destino. 

Policiais seguiram investigando. Encontram quem seria o assassino e também a sua motivação ao crime. Uma troca de emails entre Annie e Paulo, seu colega de trabalho, deixou clara uma evidência: ele parecia estar obcecado por ela. A última mensagem dela para ele foi comunicando que iria se afastar por causa do seu casamento e lua de mel, mas precisaria passar no laboratório para deixar guardados alguns materiais do seu projeto de pesquisa. Pelos dados da perícia, esse teria sido o dia em que ela foi estrangulada.

Ao chegar no local, alegre como costumava ser, Annie cumprimentou o colega e foi guardar os materiais. Paulo a seguiu e perguntou sobre o projeto. Ela lhe disse que ele poderia prosseguir sozinho. Revoltado, Paulo que estava apaixonado não só pelo projeto como também pela criadora dele, não demorou para perceber que Annie  também estava. Para evitar ir longe demais num caso que não deixaria de ser uma aventura, ela achou melhor desistir, antes que essa relação ficasse muito perigosa. Mal sabia ela que o perigo já havia ali se instalado.

Ao se despedir de Paulo, pensando que, apesar de ter demonstrado estar um pouco triste, ele tinha aceitado tranquilamente a sua decisão, ela resolve abraça-lo. Ao sentir o corpo dela tão junto ao seu, como por apenas uma noite ele teve, Paulo não resiste e a aperta com força, sem querer deixa-la sair. Annie, ao mesmo tempo em que chega a sentir certo prazer, tenta se soltar dos braços dele mas não consegue. Com arranhões e chutes, escapa por um instante mas ele a puxa e aperta o seu pescoço. Olhando nos seus olhos fala que se ela não ajudá-lo a realizar o sonho dele (pesquisa que ele tanto almejava, e com a pessoa de quem ele tanto gostava), ela também não iria realizar o dela. Esse seria mais um caso de amor impossível na vida de Paulo. Durante essa infeliz constatação ele apertou tão fortemente o pescoço dela que não demorou para ela dar o seu último suspiro. Ele rapidamente pensa num lugar e lembra de uma parede com fundo falso. Ele coloca o corpo dentro dela. 

Annie, ainda que morbidamente, consegue realizar o seu sonho: estava sim, vestida de noiva e com o buquê de lírios. Mas para uma cerimônia completamente diferente da que ela sempre desejou. Na noite do funeral, Erick, noivo de Annie, sonha com ela, acorda e pega o celular para ver a última foto que ela havia lhe enviado: Annie ficara tão encantada provando o vestido que não resistiu, atendeu ao pedido insistente do noivo, mandou uma foto para ele sem se importar com a fama de que isso poderia trazer má sorte.

 Erick agora se perguntava, será que se não tivesse insistido tanto para ela mandar a foto vestida de noiva, ele estaria com Annie agora viva em seus braços?

O que Erick não imaginava era que a sua noiva havia se apaixonado por outra pessoa, e justamente por quem a assassinou. Paulo, na cela de uma penitenciária, tem acordado nas madrugadas ouvindo batidas na parede e o seu nome sendo sussurrado. A voz que lhe chama é igual a de Annie. A cena que lhe persegue é a do corpo dela sendo emparedado, a forma que ele o escondeu. São quase trinta dias sendo perturbado pelas mesmas visões, escutando os mesmos barulhos. É levado para a enfermaria onde lhe dão um sonífero. Enfim, consegue dormir, mas num sonho reencontra Annie, que o coloca contra a parede dizendo que por ele te-la impedido de realizar o seu grande sonho de se casar na igreja, iria transformar a vida dele num grande pesadelo.





Friday, April 18, 2025


Enquanto passeava pelo parque que foi lindamente presenteado com 72 cerejeiras japonesas, uma jovem se aproximou perguntando se eu poderia falar um pouco sobre esse espetáculo que a natureza faz em toda primavera. Apesar de como sempre pra variar me sentir ainda um pouco insegura na hora de falar inglês, eu decidi seguir em frente e bater esse papinho com a repórter que foi bem simpática. Ela perguntou de onde eu era, se eu gostava dessa estação (como não?) e o que eu achava do parque e das cerejeiras. Eu disse que acho linda a primavera, que é um sinal de recomeço, é como se Deus nos dissesse que mesmo depois de um rigoroso inverno, dias melhores iam chegar. O florescimento das árvores, principalmente das cerejeiras que vêm tão fascinantes mas ficam por tão pouco tempo, nos traz esperança. Esperança mesmo em dias nublados e chuvosos deste mês de abril. "April showers bring May flowers". 
Quinta-feira Santa, 17 de abril. Uma pena o festival do parque marcado para acontecer no dia 06 ter sido cancelado devido a chuva. Onze dias depois o sol veio e com ele as flores tão esperadas. Até a espera por elas chega a ser bonita. É uma semente de alegria plantada nos nossos corações. Depois de falar com a repórter ela pediu para tirar uma foto. Vi que Brad se aproximava e o apresentei a ela que quis tirar a foto de nós dois dizendo que formamos um bonito casal. A matéria está no New Haven Independent. Postei abaixo, depois das fotos que tirei, os prints que fiz do site. 









 

Saturday, April 05, 2025

Saint Patrick's Day carnavalizando












 Nem registrei aqui como foi o nosso Saint Patrick's Day, vulgo carnavalzinho estadunidense.  Dia 17 de março , dia também do aniversário da minha cidade Aracaju. Foi um domingo nublado, ameaçando cair chuva, mas quem caiu mesmo na festa foi a gente. Duas nordestinas from Brazil vivendo nesse nordeste daqui dos EUA com alguém de SE. Não de Sergipe mas de Seattle. Quando acabou a parada, o "desfile de sete de setembro" como disse a minha tia Rosa, a festa continuou pelas ruas e pelos bares da cidade. Parecia que todos queriam comemorar junto com os irlandeses. Quase todos vestindo verde, não só os mais maduros mas também muitas crianças. O domingo foi mesmo festivo. Valeu a pena acordar na segunda com um pouco de ressaca. Lembrei dos carnavais de rua que vivi. Deu pra matar um pouquinho dessa saudade. 
E que bom que só trabalho pela tarde! 🤭😉

Tuesday, March 25, 2025

Boas bengaladas

 Mais uma aventura com Mika e no caminho mais um causo. Avistei a poucos metros de distância um senhor que vinha caminhando com a sua bengala. Já suspeitando o que podia acontecer pela largura da calçada, achei melhor atravessar a rua. Ao chegar do outro lado ouvi o senhorzinho me agradecendo por ter deixado livre o seu caminho. E acrescentou com gestos e tudo que se eu passasse com Mika por ele nós iríamos ganhar umas boas bengaladas. 

Eu sorri e disse que já sabia, por isso atravessei a rua.  Resolvi seguir o caminho da paz, da alegria. Desejei um lindo dia para ele que me sorriu de volta e ao olhar com calma para Mika, a chamou carinhosamente (juro!) de sweet little girl. 

Essa Sweet little girl daqui precisa assim como previu o que estava no caminho e mudou, seguir acreditando na sua intuição. Quando sentir que algo não lhe fará bem, mudar a trilha, e evitar as bengaladas da vida. 

Monday, March 24, 2025

Gente de merda

 Numa das caMikanhadas, ela se prepara para fazer as suas necessidades no gramado de um jardim. Eu, tal como a minha consciência, estava tranquila por ter comigo o saquinho para limpar o seu cocô. Já a senhora dona do jardim apareceu bem enfezada. Gritando, me perguntou por que eu deixei minha cachorrinha sujar a frente da sua casa. Eu tirei o saquinho do bolso e mostrei a prova do que estava prestes a fazer. Lhe disse que não se preocupe, que ela ficasse calma porque eu ia limpar. Ela ainda raivosa, pediu por favor. Depois que eu com todo o cuidado limpei as fezes de Mika, tive vontade de esfregar na cara da senhora que na verdade já tinha sujeira o suficiente pra limpar na sua vida. Se não tivesse, não sairia espalhando esse humor de merda numa manhã chuvosa, porém tão linda de primavera.  

Quando mostrei o saquinho sujo porém mais limpo do que os pensamentos da senhora mal humorada, ela pelo menos me agradeceu.  E depois de um God bless you, olhei para o céu, e agradeci a Deus. 


Tuesday, February 25, 2025






 Caiu numa terça-feira o dia 23 de fevereiro de 2010. Dia que ficou tão importante para mim. Neste dia nasceu o meu filho Miguel. Pelas mãos de um médico residente da faculdade de Yale. A obstetra que iria fazer o parto chegou atrasada por causa da nevasca que caiu no dia. Quando ela apareceu, Mig já tinha nascido e estava bem, graças a Deus), o trabalho dela teve que ser outro. Senti muita dor pois não tive tempo de tomar anestesia. O que senti quando vi quem saiu de dentro de mim, cheguei até a esquecer do sofrimento. Eu só queria enfim poder tê-lo nos meus braços. 

Hoje, quinze anos depois, o que eu sinto é uma gratidão imensa. Lembro que perdi o terço que estava rezando durante as contrações. Lembro que ninguém percebeu que eu já estava em trabalho de parto porque eu aguentei firme as dores que foram ficando, aos poucos, tão insuportáveis. Lembro de uma enfermeira me falando quando eu reclamava--Mas você está tendo um bebê! - Sim eu tive um bebê e minha mãe tinha razão. Logo depois que Mig nasceu eu ouvi ela dizer emocionada: " Ele é lindo, Karina. Muito lindo. " 

O parto de Mig foi induzido. Acho que se não fosse, ele teria nascido no meu aniversário. Ou, talvez, no dia 24. Mas essa mãe aqui já com medo das piadas referentes ao número não quis deixar para o dia seguinte, nem tampouco esperar para voltar depois. Eu sentia que tinha que ser naquele dia. E foi Nossa Senhora que intercedeu para que tudo desse certo, apesar de muitos sustos. Apesar de tantas dores que hoje eu não consigo nem ter uma ideia de como elas eram. Só não esqueço da força com que elas me invadiam. A enfermeira estava certa. Eu estava tendo um bebê. O que eu esperava sentir? E ainda sem anestesia? Eu senti tudo e até hoje eu sinto. 

Sinto falta daquela confiança que tomou conta de mim. Eu não ouvi ninguém, só o meu coração. Na verdade, ouvi também o médico pedindo para ao invés de gritar, usar a força para deixar o meu filho sair. Usar a força para parir. 

Depois de enfrentar a escuridão, eu dei a luz. Luz que me disse que não, eu não ia morrer. Luz que não me deixou desistir. Luz que me fez construir um vínculo que nem o tempo, nem a distância, nem nada nesse mundo, vai poder destruir. 

Te amo Miguel Angelo Nou Hayes. Love you, Mig! 

My son, my sun.

"You are my sunshine, my only sunshine

 You make me happy when skies are gray. 

 You never know Mig, how much I love you. 

 Please don't take my sunshine away. 

Monday, February 03, 2025

Manhã de segunda depois de uma noite de domingo nevando é ouvir o barulhinho do gelo derretendo, imitando os pingos da chuva. 

"Chove lá fora" e aqui faz um quentinho...

 Me dá vontade de escrever.

 Mas sobre o quê não sei, alguém responda.

 E me encanta me encanta me encanta...