Caiu numa terça-feira o dia 23 de fevereiro de 2010. Dia que ficou tão importante para mim. Neste dia nasceu o meu filho Miguel. Pelas mãos de um médico residente da faculdade de Yale. A obstetra que iria fazer o parto chegou atrasada por causa da nevasca que caiu no dia. Quando ela apareceu, Mig já tinha nascido e estava bem, graças a Deus), o trabalho dela teve que ser outro. Senti muita dor pois não tive tempo de tomar anestesia. O que senti quando vi quem saiu de dentro de mim, cheguei até a esquecer do sofrimento. Eu só queria enfim poder tê-lo nos meus braços.
Hoje, quinze anos depois, o que eu sinto é uma gratidão imensa. Lembro que perdi o terço que estava rezando durante as contrações. Lembro que ninguém percebeu que eu já estava em trabalho de parto porque eu aguentei firme as dores que foram ficando, aos poucos, tão insuportáveis. Lembro de uma enfermeira me falando quando eu reclamava--Mas você está tendo um bebê! - Sim eu tive um bebê e minha mãe tinha razão. Logo depois que Mig nasceu eu ouvi ela dizer emocionada: " Ele é lindo, Karina. Muito lindo. "
O parto de Mig foi induzido. Acho que se não fosse, ele teria nascido no meu aniversário. Ou, talvez, no dia 24. Mas essa mãe aqui já com medo das piadas referentes ao número não quis deixar para o dia seguinte, nem tampouco esperar para voltar depois. Eu sentia que tinha que ser naquele dia. E foi Nossa Senhora que intercedeu para que tudo desse certo, apesar de muitos sustos. Apesar de tantas dores que hoje eu não consigo nem ter uma ideia de como elas eram. Só não esqueço da força com que elas me invadiam. A enfermeira estava certa. Eu estava tendo um bebê. O que eu esperava sentir? E ainda sem anestesia? Eu senti tudo e até hoje eu sinto.
Sinto falta daquela confiança que tomou conta de mim. Eu não ouvi ninguém, só o meu coração. Na verdade, ouvi também o médico pedindo para ao invés de gritar, usar a força para deixar o meu filho sair. Usar a força para parir.
Depois de enfrentar a escuridão, eu dei a luz. Luz que me disse que não, eu não ia morrer. Luz que não me deixou desistir. Luz que me fez construir um vínculo que nem o tempo, nem a distância, nem nada nesse mundo, vai poder destruir.
Te amo Miguel Angelo Nou Hayes. Love you, Mig!
My son, my sun.
"You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are gray.
You never know Mig, how much I love you.
Please don't take my sunshine away.
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