Monday, September 13, 2021

Um jardim a bailar


 

Voando. Planando. Bem de leve ela vem.

Aparece. Esplandece. Com o vento a dançar.

Pausa. Pousa. Pólen. Flores. Cores. Ar.

Outra visita. Discreto zunir. Botões a beijar. Num piscar.

Vem e vai. Sem despedida. Faz mais rara a vida.

Um baile no jardim. Gratidão por assistir. Diariamente e free.

Livre a voar. Um voar para dentro. Sem tormento, sem dor.  Só amor.

Amor ao que é espelho, e assim ao que também não o é, ou será?

Um soar esquisito, esquilos. Uma língua esquisita, não a dela, mas que também se faz.

Cintilar de asas, cintilar de vozes. Vozes da tv, de filmes, de cinema.

Sessão da tarde pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela*, e quem será ela?

A contemplar a natureza. As plantas. Os animais. As surpresas.

Lembranças do passado colhidas e replantadas.

Momentos passados tão presentes. Momentos presentes. Presentes.

Seres encantados. Nos faz transformados. Em mais. Sem ais. Em paz.

De lagartas a rastejar,  luzes a voar.

Voando. Planando. Pintando.

Caminhando, cantando, dançando.

Vivendo. Convivendo. Aprendendo. Ensinando.

Crescendo, fluindo. Resistindo.

Joaninha colorindo. Cigarras estridentemente ecoando. Crianças brincando.

Convites à vida. Ela vai lá fora. Verão chamando. E um inverno ameno.

Voando, planando. De leve, pesando.

Mas de leve ela segue. Pausa. Pousa. Move. Morre...Renasce.

De larva no casulo escuro a se isolar, para a vida na luz a amar.

Vaga essa luz, contente com a noite a se aproximar.

Vaga uma alma, das correntes a se libertar.

Semente plantada. Sorte lançada.

Presença florida, colorida. Curtidas.

Segunda porta ao se abrir. Sempre um universo a descobrir.

A trilha sonora de pássaros:

Melodias com cardeais, robins e piuis

Vêm também sabiás e bem-te-vis.

Junto aos curupiras e sacis.

Um jardim a bailar, doce lar.

 


 

*Pequeno trecho de  Esquadros canção de Adriana C

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