O saber cultivar e o saber cortar

Cortar ervas daninhas do jardim para mim é uma tarefa difícil porque não consigo ver realmente quais são. Algumas plantas que não servem para estar num jardim são também tão bonitas, às vezes até florescem tão lindamente a ponto de eu não querer retirá-las. Por mim elas permanecem junto com as outras. Só arranco se  estiverem fazendo algum mal, se estiverem ocupando um lugar que desfavorece por exemplo a uma roseira, ou outra planta também bonita e com algum significado.

Comparo essa tarefa de retirar as ervas daninhas ao de ter dificuldade também em retirar da minha vida certas pessoas "daninhas". Pessoas em que eu com essa minha ingenuidade, não consegui enxergar maldade, e confiei a ponto de falar coisas sobre mim que não deveria. Só hoje percebo o quanto falei demais , o quanto que não reparei no mal que elas poderiam causar. Talvez se tivesse cortado esse mal pela raiz, se como as ervas daninhas, tivesse retirado por completo do jardim da minha vida, não estaria colhendo os frutos de uma culpa... Acabo me sentindo culpada por não ter me atentado aos sinais que sempre são mostrados, sempre nos são enviados. Vendo beleza nas conversas, em algumas ações, em imagens construídas. As sementes de uma simpatia são plantadas no terreno fértil do meu coração. Por isso arranca-las às vezes fica tão dolorido. Podemos não corta-las por inteiro das nossas vidas, afinal, no nosso jardim sempre surge uma espécie que não conhecemos mas que acaba enfeitando o ambiente de alguma maneira, com as cores, os formatos das folhas, como graciosamente se posicionam,o lugar que escolhem aparecer... Nós não as plantamos, por isso não somos obrigados a permanecer com elas, a acolhe-las, a colher quaisquer que sejam os seus frutos. A qualquer sinal de muita aproximação, como diz meu irmão, é tesoura na mão! 🌾🌿✂️🍃💚